A Tríade da Oligarquia Altamirense: O "Café com Leite" moderno


Altamira, uma cidade localizada no Pará, tem sido governada ao longo das últimas décadas por uma série de políticos que, em muitos aspectos, parecem ter estabelecido uma espécie de "oligarquia rotativa". Essa estrutura lembra o famoso pacto "Café com Leite", onde o poder era alternado entre as elites políticas de São Paulo e Minas Gerais durante a Primeira República no Brasil. Em Altamira, os protagonistas dessa oligarquia são Claudomiro Gomes, Odileida Sampaio e Domingos Juvenil.

Claudomiro Gomes já ocupou o cargo de prefeito em diferentes mandatos e voltou ao poder após a eleição de 2020. Sua gestão é marcada por promessas de modernização e desenvolvimento para a cidade, mas também enfrenta duras críticas, principalmente pela falta de avanços significativos e pela manutenção de problemas crônicos que afetam a qualidade de vida dos cidadãos. O retorno de Gomes ao poder após um hiato de gestões de outros políticos locais reforça a percepção de uma alternância controlada, onde o poder nunca realmente sai das mãos de um círculo restrito de figuras políticas.

Odileida Sampaio, que também teve sua vez no comando da cidade, foi reeleita em 2008, vencendo Claudomiro Gomes. Sua administração, no entanto, foi manchada por acusações de corrupção eleitoral, com um inquérito da Polícia Federal apontando a compra de votos em troca de benefícios como a construção de piscinas para um grêmio militar e a distribuição de materiais de construção. Esse escândalo, no entanto, não foi suficiente para tirá-la de cena, e ela continua sendo uma figura influente na política local.

Domingos Juvenil, outra peça-chave nesse jogo de poder, também ocupou o cargo de prefeito de Altamira. Além disso, ele já exerceu vários outros cargos políticos de destaque no Pará, incluindo o de deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Estado. A longa carreira política de Juvenil, intercalada com os mandatos de seus pares, evidencia como esse grupo se perpetua no poder, em detrimento de novas lideranças ou de um real processo democrático na cidade.

Esses três políticos formam, portanto, uma espécie de "classe política", que alterna o poder entre si, com pouco espaço para a renovação. A consequência disso é que Altamira fica presa a um ciclo de promessas não cumpridas, corrupção e falta de avanços concretos. A cidade, que poderia ser um polo de desenvolvimento na Amazônia devido à sua localização estratégica e recursos naturais, acaba ficando à mercê de interesses pessoais e políticos de uma oligarquia que não se desvencilha do poder.

Essa situação é prejudicial para o progresso de Altamira, já que não há uma alternância real de poder que permita novas ideias e soluções para os problemas locais. Enquanto essa oligarquia rotativa continuar a dominar a política da cidade, os cidadãos de Altamira estarão fadados a viver sob administrações que pouco contribuem para o desenvolvimento sustentável e equitativo da região.

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